Inteligência artificial no Direito: tudo o que você precisa saber

Você já ouviu falar em Ross, o robô advogado criado por uma startup canadense da Universidade de Toronto, no Canadá? Baseado na tecnologia de computação cognitiva Watson, ele tem algoritmos que são capazes de entender a linguagem humana, rastrear mais de 10.000 páginas por segundo e formular uma resposta levando em conta diversas variáveis de forma mais rápida que um advogado de carne e osso. Ele é também o maior exemplo de como a inteligência artificial vem chegando ao Direito – e para ficar.

Nesse sentido, é natural que muitos advogados fiquem assustados com essa perspectiva. Como lidar com um futuro onde a inteligência artificial (IA) será cada vez mais presente em todas as áreas, inclusive no Direito? Será que muitos advogados perderão seus empregos e serão substituídos por programas de computador?

É o que você irá descobrir em nosso artigo sobre Direito 4.0. Vem conferir!

Definindo a inteligência artificial

A primeira definição do termo “inteligência artificial” foi cunhada por John McCarthy, um cientista que a definiu como “a ciência e engenharia de produzir máquinas inteligentes”.  Hoje em dia, inteligência artificial é tida como uma série de códigos programados para que uma máquina execute tarefas que envolvam um raciocínio próximo ao do ser humano, como cálculos, por exemplo, com alto grau de eficiência e rapidez.

A inteligência artificial está tão avançada que as máquinas nos dias de hoje são programadas para não apenas executar operações matemáticas como também a cognição semântica, permitindo que as inteligências artificiais sejam capazes de interpretar texto e imagens.

Dessa forma, as máquinas não estão mais restritas a códigos para interagir com o mundo: com os avanços da IA, elas podem compreender e reagir a palavras também. Isso tornou possível para que a IA também fosse aplicada em outros ramos além da computação – como as ciências humanas, incluindo o Direito.

Como a Inteligência Artificial está transformando o Direito

Ainda que muitos advogados não percebam, a inteligência artificial tem transformado a profissão de forma inexorável e progressiva.

O Direito, afinal, é um campo fértil para a introdução da Inteligência Artificial. Afinal, são incontáveis dados, informações, documentos, artigos doutrinários e jurisprudência que o advogado precisa analisar. Muitas tarefas que a atividade jurídica demanda são repetitivas e cansativas. Portanto, a Inteligência Artificial pode ser utilizada para diminuir ou até mesmo eliminar o tempo que o profissional jurídico gasta realizando tarefas mais mecânicas.

Uma máquina pode analisar, sistematizar e classificar dados, jurisprudência e precedentes de forma rápida, simples e eficiente, sem precisar cansar um profissional  – ou correr o risco de erros humanos. Um software digital pode realizar em um tempo muito menor tarefas que seriam realizadas por advogados, e de forma mais eficiente.

Por isso, segundo artigo publicado no site Jota, existem estudos especializados no assunto que preveem que em 2025 “os escritórios de advocacia e as diretorias jurídicas de empresas enfrentarão um ponto de inflexão com a consequente automatização de um vasto número de postos de trabalhos ocupados por advogados em todo o mundo”.

Dessa forma, como se preparar para este futuro, onde os advogados deverão compartilhar seu trabalho com softwares e inteligências artificiais?

Devo me preocupar com a chegada da Inteligência Artificial ao Direito?

É inegável: mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente até mesmo o Direito, uma profissão tão tradicionalista e conservadora, irá sofrer mudanças consideráveis a partir da introdução de inovações tecnológicas em seu meio. Isto, aliás, não é uma coisa nova, e já aconteceu antes.

Há poucos anos atrás, softwares jurídicos e ferramentas de gestão de escritórios de advocacia começaram a se popularizar, porém enfrentaram resistência de muitos profissionais jurídicos. Hoje em dia, porém, os advogados já perceberam que combinar as novas ferramentas tecnológicas com seu próprio conhecimento jurídico otimizaria e facilitaria sua atuação jurídica.

O mesmo deverá acontecer com a IA. Ao invés de enfrentá-la como um intruso em um universo tão tradicional como o jurídico, os profissionais aprenderão como utilizá-la de maneira que tornar seus serviços ainda mais eficientes, rápidos e práticos.

Como dito acima, a Inteligência Artificial é particularmente útil para executar tarefas repetitivas, cansativas e burocráticas. Isto daria aos profissionais jurídicos tempo e disposição para atuar em tarefas mais essenciais, estratégicas, de alto valor agregado e que não podem ser executadas por uma máquina. Aliados com uma IA, os advogados poderiam tornar seus serviços ainda mais rápidos, modernos e eficientes, o que certamente refletiria em uma maior satisfação de seus clientes.

Num futuro não muito distante, os advogados mais novos deverão chegar ao mercado já tendo aprendido a utilizar novas tecnologias e a delegar muitas de suas funções mais burocráticas para máquinas, enquanto poderão se focar em desenvolver habilidades e talentos em áreas de maior valor agregado. Já os advogados que estão no universo jurídico a mais tempo deverão aprender como gerenciar tais ferramentas tecnológicas e utilizá-las para reformular sua rotina, tornando-a mais eficiente e menos burocrática e repetitiva. Sócios de escritórios de advocacia deverão orientar suas equipes de profissionais para a utilização de tais inovações, sempre visando equilibrar a atuação dos computadores e dos seres humanos de maneira a obter um resultado mais eficiente.

Em suma, não é do melhor interesse dos profissionais jurídicos insistir em negar os óbvios benefícios que a tecnologia pode trazer ao Direito, ao tomá-los como simples ameaças aos seus empregos. Em vez disso, aplicar tais inovações visando otimizar, melhorar e evoluir a prática advocatícia deve ser o ideal de todo advogado moderno.

Fonte: JurisBlog